quinta-feira, 30 de março de 2017

Papa visita presos da penitenciária San Vittore em Milão


Depois de visitar alguns presos em suas celas, 
Francisco almoçou com 100 detentos



Papa cumprimenta presos em no presídio San Vittore, em Milão
Foto: Rádio Vaticano em inglês
O Papa Francisco se encontrou no último sábado, 25, em sua visita pastoral a Milão, com os presos do centro penitenciário San Vittore. Após o encontro com o clero na catedral de Milão e a oração do Angelus com os fiéis, o Santo Padre se deslocou de carro até o presídio.

Atualmente, o presídio tem 893 detentos, 285 a mais do que pode acolher, de acordo com as vagas disponíveis. San Vittore é um cárcere judicial, o que significa que os presos estão em fase de julgamento e não estão cumprindo pena.

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Francisco, acompanhado apenas do arcebispo de Milão, Cardeal Angelo Scola, encontrou-se com os detentos e detentas, tendo saudado e visitado de modo privado alguns deles em suas celas. Um encontro que se encerrou com o almoço em clima fraterno com cem presos.

Essa foi mais uma confirmação da prioridade que os detentos são para o Pontífice, que em cada viagem apostólica visita um presídio e leva aos presos palavras e gestos de ânimo e esperança. Em 17 de dezembro do ano passado, o capelão e os detentos do presídio de Pádua se conectaram por skype com o Papa Francisco para saudá-lo por seu aniversário. “A esperança não decepciona”, disse o Papa a eles na ocasião.

O Santo Padre também reiterou a eles uma carta que lhes havia escrito no mês de janeiro: “tenham acesa a esperança”, “vocês são pessoas presas, sempre o substantivo deve prevalecer sobre o adjetivo, sempre a dignidade humana deve preceder e iluminar as medidas de detenção”. “Em Deus – escreveu o pontífice – sempre há um lugar para voltar a começar, para ser consolado e reabilitado pela misericórdia, que perdoa”.

Fonte: Canção Nova Notícias

quinta-feira, 23 de março de 2017

Padre Gianfranco: A realidade carcerária no Brasil é uma bomba relógio

Pe. Gianfranco Graziola
Ocorreu nesta quarta-feira (22) uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), na qual trinta e duas organizações sociais nacionais e internacionais confrontaram o estado brasileiro sobre tortura, maus-tratos e condições intoleráveis de higiene e saúde relacionadas ao encarceramento em massa e à superlotação de unidades.

O Pe. Gianfranco Graziola, da coordenação nacional da PCr, em entrevista à Rádio Vaticano, analisa a culpa do estado brasileiro pelas violações de direitos humanos nos presídios, assim como pelos massacres ocorridos em prisões no início do ano.

“Quando não há essas rebeliões, acontecem mortes constantemente. São mortes cruéis. Muitos dizem que são as facções disputando o cárcere, mas não é. Não são elas as responsáveis pelas mortes”.

Segundo Gianfranco, o responsável pelas mortes “é o estado brasileiro, com o seu judiciário, com suas instituições, suas omissões e o fato de pensar que graves questões sociais se resolvem com as armas, a violência e a força. A cadeia, não temos dúvidas em dizer, é fonte de violência, morte, a sociedade não terá paz e sossego até que não se acabe com esse sistema de morte, sofrimento e controle social das pobrezas”.
Esse modelo punitivo leva a um aumento da violência por parte do estado. E quanto maior a violência do estado, maior será a violência na sociedade como um todo, afirma Gianfranco.


“A realidade carcerária no Brasil neste momento é uma bomba relógio. Ainda mais agora, não sabemos onde vai parar. A violência força o militarismo, mas o estado não pode pensar a cidade como uma trincheira ou campo de batalha. Esse pensamento não vai trazer paz; só vai ter mais cárceres, mais exclusão, mais pobreza e mais mortes”.

Alternativas a esse modelo punitivo, segundo Gianfranco, vão da descriminalização das drogas à se pensar em um outro modelo de justiça.

“Nós temos a Agenda pelo Desencarceramento. Temos que ir na raiz das causas que levam ao encarceramento em massa hoje. uma das principais é as drogas. a despenalização das drogas é importante. Outra é a questão dos presos provisórios: 40% dos presos são provisórios. Outra grande questão é a própria justiça que temos. O judiciário ganha dinheiro sobre os presos, com processos que duram anos. Ele tem que ser mudado. Queremos enfrentar isso com a justiça restaurativa, que é uma responsabilização da sociedade, na qual ela ajuda a restaurar o indivíduo, criando novas relações com um novo tipo de justiça, e que cria novas possibilidades. Esse é nosso sonho para um mundo sem cárcere”.

Clique aqui para ouvir a entrevista completa

Fonte: PCr Nacional

terça-feira, 21 de março de 2017

Caso Bruno, um retrato incômodo do sistema penal brasileiro

Soltura do goleiro joga luz sobre lentidão dos processos e o excesso de presos provisórios

O goleiro Bruno Fernandes de Souza deixou a cadeia no fim de fevereiro após cumprir quase sete anos de prisão. Condenado a 22 anos e 3 meses como o mandante do assassinato da modelo Eliza Samudio, ele fechou contrato com um novo clube, o Boa Esporte, de Minas Gerais, nesta sexta-feira, embora sua situação legal seja provisória. O caso vem despertando não só a revolta de diversos grupos feministas, que veem a banalização de um crime bárbaro praticado contra uma mulher, como expõe as fragilidades do sistema penal no Brasil.

Bruno foi condenado em primeira instância no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março de 2013. Recorreu e seguia preso obedecendo a uma ordem de prisão preventiva. A demora do Tribunal de Justiça de Minas Gerais em analisar seu recurso já durava quase quatro anos quando, no fim de fevereiro, Bruno recebeu um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Marco Aurélio Mello avaliou que a falta de decisão sobre seu recurso não poderia justificar que ele permanecesse preso, já que o ex-goleiro ainda não foi julgado em segunda instância. A repercussão pela libertação foi tamanha que, na última terça-feira, o TJ de Minas Gerais lançou nota pública para justificar a dilatação dos prazos, culpando a estratégia de defesa dos cinco réus do caso de tornar a tramitação mais lenta com excesso de recursos.

A lentidão da Justiça não é exclusividade do caso Bruno, mas suas consequências se tornam mais visíveis porque se trata de um crime de grande repercussão. Como explica o professor de direito processual penal da PUC-RS, Aury Lopes Júnior, as causas da morosidade residem, em linhas gerais, na sobrecarga do Judiciário e na falta de regras claras (ou na existência de regras frouxas) para determinar prisões temporárias e prisões preventivas.

terça-feira, 7 de março de 2017

Papa recebe, em mãos, documentos da PCr sobre as prisões no Brasil

O Papa Francisco recebeu, no último mês, documentos da Pastoral Carcerária sobre as condições prisionais do Brasil e a proposta para um mundo sem prisões.

“Entreguei a ele uma série de documentos: a Agenda Nacional pelo Desencarceramento, outros documentos, como as posições que nós tomamos, notas que fizemos como Pastoral [especialmente sobre as recentes chacinas em as chacinas em Roraima, Amazonas e Rio Grande do Norte], e entreguei também o relatório sobre torturas nas prisões que fizemos recentemente”, detalhou à rádio Vaticano o Padre Gianfranco Graziola, vice-coordenador nacional da Pastoral Carcerária, que concelebrou no Vaticano a missa com o Papa na capela da Casa de Santa Marta.

Segundo o Padre Gianfranco, participar da missa com o Papa Francisco “foi um momento muito intenso, singelo, momento de uma simplicidade muito grande, de uma compenetração muito grande”, e também de oração por todos que tem de algum modo as vida
s atreladas às prisões. “Foi um momento em que eu levei um pouco todos os presos e as presas, todos os agentes que fazem o nosso dia a dia, que entram diariamente nos cárceres”, detalhou.

Padre Gianfranco relatou, ainda como foi o diálogo com o Papa ao entregar os documentos da Pastoral Carcerária. “Eu disse a ele que o cárcere não reabilita ninguém e que é uma máquina de morte. Ele concordou e expressou sua solidariedade, sua proximidade, e mandou a todos a sua bênção, transmitindo sua proximidade, todo o seu carinho”.


VEJA A ENTREVISTA DO PE. GIANFRANCO À RÁDIO VATICANO

Fonte: PCr Nacional