Palavra do Presbítero

          Pe. Welington N. de Souza
              Assessor Eclesiá

A Pastoral Carcerária é uma
Pastoral Social?



A Pastoral Carcerária é uma Pastoral Social, enquanto membro do Corpo de Cristo que é a Igreja tem como missão transmitir a mensagem evangélica; “de anunciar aos cativos a liberdade e aos cegos a recuperação da vista de pôr em liberdade os oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor.” (Lc 4, 18-19).

A Pastoral Social tem a ver, fundamentalmente, com a dimensão socioestrutural da caridade cristã. Poderíamos dizer que é a diaconia ou colaboração organizada da Igreja na realização da justiça social, ou seja, nos processos de reestruturação de nossa vida coletiva em vista das necessidades e direitos dos mais pequeninos e marginalizados em nossa sociedade. Tendo três funções fundamentais: denúncia de toda forma de injustiça, exploração e discriminação, enfrentado todo tipo de pecado que se materializa em gestos e palavras que destroem a pessoa humana; anúncio, convocação a uma reinvenção e reestruturação da vida social a partir do Cristo e o profetismo, a Igreja que se coloca no lugar daquele que sofre, caminha junto, vive junto.

A Pastoral Carcerária nasce com o próprio Jesus Cristo. Ele envia todos os batizados a visitar os irmãos presos e Ele mesmo foi um preso. Depois dele, os apóstolos também foram presos, recebiam visitas. “O sumo sacerdote e todos os seus partidários encheram-se de raiva, mandaram prender os apóstolos e lançá-los na cadeia pública. Durante a noite, porém, o anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os fez sair.” (At 5, 17-20).

Enfim, a solidariedade dos cristãos com os presos, que hoje chamamos de Pastoral Carcerária, nasceu com o próprio cristianismo e cresceu espontaneamente, pois onde existisse uma prisão, havia voluntários visitando os encarcerados.


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19º Encontro da Pastoral Carcerária do Regional Leste 2


Entre os dias 21 e 23 de abril aconteceu o 19º Encontro da Pastoral Carcerária do Regional Leste 2 da CNBB, Minas de Gerais e Espírito Santo, na cidade de Iapu/MG, na Diocese de Caratinga. Com a participação das Arqui/dioceses do Estado de Minas Gerais: Belo Horizonte, Caratinga, Mariana, Montes Claros, Itabira, Juiz de Fora, Ipatinga, Uberlândia, Divinópolis e Diamantina. O estado do Espirito Santo contou com a participação da Arquidiocese de Vitória. A assessoria do encontro ficou por conta do casal de Bento Gonçalves – RS, Alessandro Gallazzi e sua esposa, Ana Maria Rizzante Gallazzi, que falaram sobre o tema: Vida para Ser Vivida em Liberdade” e o lema: Um Mundo Sem Prisão. Alessandro Gallazi é doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, trabalhou na Comissão Pastoral da Terra na Amazônia. Ana Maria Rizzante é italiana radicada no Brasil desde 1977 como missionária da Igreja Católica, atuou na Comissão Pastoral da Terra e na Pastoral Carcerária do Amapá e, atualmente na Pastoral Carcerária da Diocese de Caxias do Sul.

Durante o Encontro o professor Alessandro refletiu sobre o que é espiritualidade. E o que o Espírito Santo quer de nós. Segundo o professor, Espiritualidade não é coisa nossa. Cada pessoa deseja inventar a sua Espiritualidade, mas espiritualidade é de Deus, é do Espírito Santo. Deste modo, é Espiritualidade é a potência de Deus em nós, quando damos o nosso sim verdadeiro a Ele, isto é, nossa conversão.

Foi realizada entre os participantes a avaliação do encontro. Em votação foi decidido que a próxima diocese que receberá o encontro será a de Itabira, eleita por 56 votos, Belo Horizonte recebeu 9 votos e Diamantina 8 votos. Data do próximo encontro: 20, 21 e 22 abril/2018. O Tema será o mesmo da Campanha da Fraternidade de 2018, tema: Fraternidade e superação da violência, lema: Em cristo somos todos irmãos, Mateus 23,8. Cristiane da Diocese de Diamantina comentou sobre a sua participação no encontro da Pastoral Carcerária Nacional com relação à mulher presa. O estado de Minas Gerais foi colocado como um estado que não abriu os olhos para as mulheres encarceradas, com unidades prisionais mistas, sem atenção as suas especificidades. Foi também comunicado que no dia 08 de outubro de 2017, às 8:00 horas será celebrada uma missa no Santuário Nacional de Aparecida, que será celebrada com todos os padres da Pastoral Carcerária do Brasil e os leigos atuantes da PCr. A missa será celebrada em memória dos 25 anos do Massacre do Carandiru. Após o almoço encerrou-se o encontro.


Acesse nosso Facebook e confira as fotos do encontro.



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Meus fraternos amigos,

“Hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. (Lc 2,11). Meus fraternos amigos, o Natal chegou. O Espírito de amor e de paz de Deus paira sobre a nossa humanidade. Deste modo, queremos viver plenamente na presença do “menino Deus” que veio ao mundo para nossa salvação.

“O anjo lhe disse: não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus”. (Lc 1,30-31). Deus nos envia Jesus, para caminhar conosco, destruindo todos nossos medos e fraquezas, transformando-nos em pessoas novas na fé e na caridade. Por isso, queremos agradecer-lhe este ano pastoral de nossa Pastoral Carcerária Arquidiocesana, por tudo aquilo que conseguimos realizar.

Deus desce até seu povo. Ele desce e caminha com seu povo. Recordemo-nos de Deus caminhando pelo jardim do Éden (Gn 3,8). Visitando Abraão e Sara (Gn 18,2). Enfim, a Pastoral Carcerária vivendo intensamente o Ano da Misericórdia, na busca de ser “misericordioso como o Pai”. (Lc 6,36). Um feliz e abençoado Natal para todos os Agentes da Pastoral Carcerária, para todos os nossos parceiros colaboradores e de maneira especial para nossos irmãos encarcerados e seus familiares.



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Meus fraternos amigos: o “Encarceramento em Massa” no Brasil é o tema de nossa formação na terceira edição de nosso Informativo São Dimas. Nosso país ocupa o terceiro lugar no ranking dos países com maior população carcerária no mundo (atrás apenas de Estados Unidos e China), com mais de 700 mil pessoas presas. Entre 1992 e 2012, a população carcerária brasileira saltou de 114 mil para, aproximadamente, 550 mil pessoas presas, sofrendo um aumento de 380%. Conforme dados do Ministério da Justiça, no mesmo intervalo de tempo, a população brasileira cresceu 30% (IBGE).
         Nas Unidades Prisionais de todo nosso país predominam a superlotação, a violação de direitos e os recorrentes casos de maus tratos e torturas. O “Encarceramento em Massa” nos Sistemas Prisionais não gerou melhora na Segurança Pública em nossas cidades. Pelo contrário, os índices de violências nos últimos 25 anos, aumentaram de maneira gigantesca, vitimando, sobretudo, as pessoas pobres, negras, das periferias e de baixo nível educacional.
         Fica evidente que encarcerar não é solução para pôr fim a tanta violência, pois, infelizmente, o Estado não cria estruturas que contribuam para a ressocialização da pessoa encarcerada. Como disse o Papa Francisco em sua visita ao México, é “um engano social acreditar que a segurança e a ordem só são alcançadas prendendo as pessoas”, pois as prisões significam dor e destruição da pessoa humana. Enfim, é urgente construir novas estruturas que propiciam a ressocialização para, em um futuro próximo, vivermos o tão sonhado “mundo sem prisões”.



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Meus fraternos amigos, quero agradecer, o empenho de tantas pessoas que se mobilizaram no inicio, deste ano, para ajudar a Pastoral Carcerária arquidiocesana em sua missão junto aos encarcerados, a todos vocês, meu muito obrigado.
Em nosso Blog você encontrará informações sobre a Assembleia da Pastoral Carcerária do Regional Leste 2 ocorrido em Uberlandia; Padre Welington, Diacono Nivaldo visitam a Pcr de Santos Dumont; a história e o serviço realizado junto aos presos da Pcr de Mar de Espanha; Dom Gil e Dr. Evaldo visitam áreas para instalação da futura APAC de Juiz de Fora; por fim, refletiremos nesta edição, o tema “Justiça Restaurativa”.
O “Encarceramento em Massa” no Brasil, as tentativas de “Privatização do Sistema Carcerário” e as iniciativas para a promoção da “Justiça Restaurativa”. São três reflexões que ecoam na vida da Pastoral Carcerária. Desde modo, gostaria nesta 2º edição de nosso Informativo São Dimas, refletir com todos vocês o tema “Justiça Restaurativa”.
A “Justiça Restaurativa” aponta para uma nova possibilidade de superação de conflitos, ou seja, conciliação de conflitos, não buscando simplesmente punir, mas restaurar a harmonia, entre os membros da sociedade. Quando ocorre um crime, isso não afeta só aquele que sofreu a agressão, mas o próprio agressor é afetado por isso e o conjunto da sociedade, dessa maneira, é urgente dialogar com todos estes sujeitos que estão envolvidos no conflito. Deste modo, construindo gestos concretos, a partir do dialogo, que restaure a harmonia entre os membros da sociedade.  
A ideia da “Justiça Restaurativa” é substituir a punição pela conscientização, permitir que a rigidez processual dê lugar ao diálogo e à mediação e estimulando a sociedade debater, dialogar, apontar saídas que auxiliem na consecução de acordos que superem “olho por olho e dente por dente” que vigora em nossa sociedade.
Enfim, Justiça Restaurativa e Mediação Penal podem ser um bom caminho, para um amplo debate, que a sociedade não pode deixar de fazer, para superação de tanta violência que este atual modelo de “Justiça Punitiva” gera em nossa sociedade.

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Meus queridos amigos, o Blog São Dimas é uma bênção de Deus na vida da nossa querida Pastoral Carcerária Arquidiocesana. Ele será mais um mecanismo que busca promover a Palavra de Deus para as pessoas que participam do Sistema Prisional em nossa Arquidiocese de Juiz de Fora. Deste modo, estaremos em plena comunhão com o nosso Regional Leste 2 da CNBB e a Pastoral Carcerária Nacional.

Neste Ano da Misericórdia, a Pastoral Carcerária deseja, ardentemente, vivenciar a sexta obra de misericórdia corporal que é visitar o encarcerado. Queremos estar com eles para rezar, conversar, ouvir, enfim, partilhar a alegria do encontro com Cristo.

Escolhemos o nome do nosso Blog de São Dimas, porque ele é o Santo protetor dos encarcerados e das Penitenciárias.

São Dimas foi um dos condenados à morte, crucificados ao lado de Cristo. Lá estavam: Jesus, Dimas e outro condenado. Este questionava que, se Jesus fosse mesmo o salvador, que salvasse a ele próprio e os dois presos. De repente, Dimas o repreende dizendo: "Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso." (Lc 23,39-43). O santo é o padroeiro dos presos e das casas penitenciárias.

Enfim, a Pastoral Carcerária representa a presença amiga de Cristo no mundo do cárcere e anunciando aos encarcerados que Cristo faz parte da vida dele. Lutemos pela humanização dos presídios, pois cremos que em cada encarcerado há um sonho de liberdade e de um mundo melhor. "Lembrem-se dos presos, como se vocês estivessem na prisão com eles”. (Hb 13,3)

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